“O segredo é trabalhar e fazê-lo sempre com honestidade e dedicação”

Nascido na Covilhã e envolvido com a região, foi com naturalidade que em 1994 escolheu a UBI para ingressar no Ensino Superior. Optometria foi um feliz acaso que Eduardo Teixeira abraçou até aos nossos dias, tendo sido, no percurso, presidente da Associação Profissional de Licenciados em Optometria e presidente da Academia Europeia de Optometria e Ótica, fruto do “bicho” do associativismo que lhe ficou dos tempos de estudante.

Urbi et Orbi: Porquê Optometria e porquê na UBI?

Eduardo Teixeira: A UBI, porque eu sou da Covilhã e sempre achei que era importante ficar na terra e na instituição, que era relativamente nova. Era uma das instituições que eu tinha na minha mente frequentar, acho que é um projeto interessante para a região e para a cidade e nessa altura já tinha essa ideia. Optometria, foi um pouco fruto do acaso. O curso inicialmente era Física Aplicada e tinha a vertente de Optometria e a vertente de laser, da parte da Física, que era a área que me interessava mais num primeiro momento e que fiz quase até final. Quando surge o estágio clínico foi quando vi que o que realmente queria fazer era Optometria.

 

U@O: Contas feitas, valeu a pena essa escolha?

ET: Sim, sem dúvida. Em relação à maioria das coisas, estou satisfeito. É uma área interessante, com grande evolução em termos profissionais e, depois, tudo o que está associado a essa questão.

 

U@O: O que mais recorda dos tempos de estudante da UBI?

ET: A parte cultural e social, que teve um grande impacto na minha vida. Tive sempre ligado à parte desportiva da AAUBI, fui vice-campeão nacional de vólei. Fui também presidente do núcleo de Física Aplicada durante um ano, fiz parte do Senado da UBI como representante das Ciências Exatas e essa parte associativa foi muito interessante. Depois, a própria cidade, que sendo pequena, tem por exemplo dois grupos de teatro. Isso movimenta culturalmente a cidade e para o jovem daquela época era algo importante. Depois, a parte lúdica das noites, dos concertos, das semanas académicas, das receções ao caloiro. Tenho muito boas recordações dos amigos que aí fiz e que aí deixei. Foi tudo muito bom, e depois associado à parte científica e clínica, que me deu bagagem para eu exercer a minha profissão ao longo dos últimos 20 anos. Com as devidas atualizações, porque fiz mestrado na Universidade do Minho e integrei o Doutoramento em Biomedicina na UBI, anos mais tarde, que não concluí por motivos pessoais e profissionais, mas que espero ainda vir a concluir. Entretanto, fui professor assistente convidado na UBI durante seis anos, que também foi uma experiência interessante.

 

U@O: O que pensa da evolução da UBI desde o seu tempo de estudante até aos dias de hoje?

ET: Desde que eu saí do curso, em 2000, até que voltei para integrar o doutoramento e ser professor assistente convidado, em 2016, a evolução foi brutal. Quando eu era aluno e estava no Senado foi quando foi aprovado o curso de Medicina, que trouxe uma transformação brutal à universidade em termos do seu impacto, dos níveis de produção científica. O numero de alunos é muito diferente do que quando eu estudava e as estruturas também são muito diferentes. Naquela altura não havia Faculdade de Ciências da Saúde e, por exemplo, onde eu recentemente dei aulas, na zona da Fábrica do Moço, eram as oficinas dos colegas de Engenharia Aeronáutica. Agora foi transformado em laboratórios para as Ciências da Saúde. Essa transformação é visível e a UBI continua em evolução e tem cada vez mais influência na região, apesar de eu achar que continua por cumprir a sua função de maior intervenção e desenvolvimento da nossa região, que continua a precisar de ter mais intervenção a vários níveis, como a fixação de população até considerando uma grande região que pode ir do Norte do Alentejo a Salamanca. A UBI tem potencial para ser um grande polo dinamizador de toda essa região e a verdade é que ainda não é, até porque as pessoas não se envolvem muito na política local, o que eu estranho bastante. Mas há uma evolução clara de 1994 para os nossos dias. Não tem comparação a todos os níveis.

 

U@O: Como tem sido o seu percurso profissional desde que saiu da UBI até hoje?

ET: Eu saí da UBI em 2000, estagiei durante três meses em Algés numa ótica com Optometria Clínica e depois integrei logo um projeto no concelho da Moita, onde trabalhei 15 anos numa clínica de Optometria e Oftalmologia, também associada a uma ótica. Fundei então uma empresa de prestação de serviços na área da Optometria e cuidados primários da saúde visual com uma colega – que é, também, a minha companheira -, da qual sou gerente. Exerço a parte de optometria clinica, fundamentalmente na área metropolitana de Lisboa e no Alentejo.

Tive também a experiência do ensino na UBI, onde fui professor assistente convidado (entre 2016 e 2021). Fui ainda presidente da Associação Profissional de Licenciados em Optometria durante oito anos (entre 2004 e 2012) e fui presidente da Academia Europeia de Optometria e Ótica durante dois anos (de 2017 a 2019), tendo estado ligado a esta associação internacional desde a sua fundação e durante 10 anos.

Estou ainda eleito na Assembleia Municipal da Moita, já fui vice-provedor da Santa Casa, sendo que foi a UBI que me deixou este “bicho” do associativismo, porque é uma instituição que tem essa característica de fomentar a participação dos alunos no associativismo.

 

U@O: Nesse sentido, e pela sua experiência, poderá então ser positivo os alunos envolverem-se nestas atividades fora da sala de aula.
ET:
Sim, eu acho que sim. Claro que nem toda a gente gosta, por exemplo, de falar em público, mas eu acho que o envolvimento é quase obrigatório.

 

U@O: Que conselhos poderia deixar a um atual aluno da UBI para vingar nesta área?

ET: O primeiro conselho é o óbvio: trabalhar e ser sério naquilo que faz, quer na UBI, quer na vida. Nas áreas que nós trabalhamos, na área clínica e na área científica, é fundamental manterem-se a par das melhores práticas baseadas na evidência científica. É importante terem isso sempre em perspetiva e terem também em perspetiva que vão continuar sempre a ter que estudar e a ter que continuar o percurso que agora iniciam. O segredo é trabalhar e fazê-lo sempre com honestidade e dedicação. E não se alhearem da realidade, até porque podemos fazer várias coisas ao longo da nossa vida ao longo do tempo e nem tem que ser tudo na nossa área. Podemos também contribuir, quer a nível do voluntariado, como na política local ou associações culturais, que precisam de pessoas como os alunos da UBI e futuros profissionais que daí saem.

 

Nome: Eduardo Teixeira

Naturalidade: Covilhã

Curso: Optometria

Ano de entrada na UBI: 1994

Filme preferido: Cinema Paraíso

Livro preferido: “A lã e a neve”, de Ferreira de Castro

Hobbies: Ler, ouvir música, andar de bicicleta e pescar

 

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