“Na Covilhã há aquele espírito de aldeia numa cidade”

Natural do Fundão, a UBI foi em 2011 a escolha mais confortável e o curso de Ciência Política e Relações Internacionais a opção mais lógica. Depois de ter acrescentado ao seu currículo várias formações dentro da área e uma licenciatura e um mestrado em Direito, Vanessa Couto trabalha no Ministério da Justiça, estando dedicada, entre outras vertentes, à área do Direito da Propriedade Industrial.

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Urbi et Orbi: Porquê Ciência Política e Relações Internacionais e porquê na UBI?

Vanessa Couto: Eu não sabia o que é que eu queria, que acho que é o mal de muitos jovens aos 18 anos. Eu gostava muito de ter essa certeza, quando tinha 18 anos, mas não tinha. Os meus pais aconselharam-me, achavam que eu era boa para a área de Direito, mas eu achei que o Direito não era para mim. Como sempre gostei de Política, e principalmente de Politica Internacional, achei que o curso de Ciência Política e Relações Internacionais conjugava estes dois gostos. Na UBI, sinceramente, porque era perto de casa.

 

U@O: Contas feitas, valeu a pena a escolha?

VC: Claro que sim. Aliás, eu costumo dizer a muita gente que este é um curso que iria sempre tirar alguma vez na minha vida. É muito interessante e para uma pessoa que gosta muito de ler, de Política e de Filosofia faz todo o sentido. Valeu muito a pena a escolha.

 

U@O: O que mais recorda dos tempos de estudante da UBI?

VC: Gostei muito de aprender na UBI, desde logo pelos professores, pelo ambiente da turma porque eramos muito unidos, apesar das competições normais que existiam. Recordo o companheirismo, bons colegas, boas saídas, fiz muitos amigos. Por outro lado, a estrutura da universidade, tudo aquilo que ela nos dá, as atividades. Enfim, gostei muito.

 

U@O: O que é que a Covilhã e a UBI têm de tão especial?
VC: Uma vez que eu sou do Fundão, posso parecer suspeita, mas é uma cidade pequena, calma, onde não há grandes stresses de transportes, as pessoas são muito hospitaleiras e há aquele espírito de aldeia numa cidade, o que é muito acolhedor principalmente para pessoas que venham de outros pontos do país. Eu senti isso com muitos colegas meus que se sentiam em casa na Covilhã, o que é muito importante para o sucesso no percurso académico, ter esse acolhimento bom. A UBI, para além de ser uma universidade que embora na Covilhã, tem grande nome, nós conhecemos quase toda a gente de todos os cursos. Por exemplo, aqui na Universidade de Lisboa é impossível nós conhecermos a maior parte dos alunos. Claro que o universo é diferente, mas é uma coisa boa da UBI, que é ter muitos cursos e nós conseguirmos contactar com gente de todos eles, o que nos dá valências incríveis. Saímos para a noite todos para os mesmos sítios, porque é tudo muito pequeno, as bibliotecas e cantinas como são poucas também nos permitem conhecer outras pessoas.

 

U@O: Como tem sido o seu percurso profissional desde que saiu da UBI até hoje?

VC:  Eu saí da UBI e pensei que, contrariamente ao que eu achava inicialmente, vim para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa fazer o mestrado em Direito Internacional Público. Depois do mestrado, percebi que gostava mesmo desta área e segui para licenciatura em Direito na mesma faculdade, que terminarei agora em maio. A nível profissional, no primeiro ano de mestrado comecei ao mesmo tempo a trabalhar, entrei num estágio no Ministério da Justiça, no qual fazia pareceres técnico-jurídicos de fundos comunitários. Posteriormente acabei por entrar para os quadros e, mais tarde, fiz assessoria ao senhor secretário-geral do Ministério da Justiça e parti para uma área que gosto muito e na qual atualmente estou a trabalhar, que é a área de Direito da Propriedade Industrial. O que faço é estar no Ministério da Justiça, onde sou delegada de Portugal para as organizações internacionais com a organização europeia de patentes, o conselho da União Europeia, onde vamos discutir e elaborar diplomas técnicos associados ao Direito da Propriedade Industrial. Estou, ainda, no departamento de assuntos jurídicos a tratar destas matérias. Para além desta área do Direito Internacional Público, desempenho também tarefas de âmbito nacional relacionadas com Direito da Propriedade Industrial, e estou a gostar muito.

 

U@O: Que conselhos poderia deixar a um atual aluno da UBI para vingar nesta área?

VC: Eu diria que deve fazer muitos estágios, aprender muita coisa fora, fazer muitas formações fora, fazer cursos de verão e especializações. Tudo isso, para além de conhecermos mais pessoas e de muitas áreas, vamos começando a perceber a área que realmente gostamos. No meu caso, o Direito da Propriedade Industrial é uma especialidade muito técnica e muito pequena e eu descobri esta área com muitos cursos, muitas formações, falando com pessoas. Esta área nem sequer é alvo de alguma disciplina de Ciência Politica, nem de Relações Internacionais, nem sequer de Direito. Por isso, eu aconselhava a fazer muitas coisas para além do curso. Embora eu esteja mais relacionada com Direito e Relações Internacionais, a parte da Ciência Política ajuda-me muitíssimo, até para perceber a orgânica política do Governo e das organizações. Em resumo, as pessoas devem tentar perceber o que gostam e depois pegar nisso e fazer mais especialização, bater às portas, falar com as pessoas. E, mesmo enquanto estudam, devem meter-se em tudo, como núcleos de estudantes ou conselhos pedagógicos. Portanto, fazer ativismo ainda dentro da universidade e trabalhar muito, trabalhar muito e trabalhar muito.

 

Nome: Vanessa Couto
Naturalidade: Fundão
Curso: Ciência Política e Relações Internacionais
Ano de entrada na UBI: 2011
Filme preferido: “Eduardo Mãos de Tesoura”
Livro preferido: “Rumo ao farol”, de Virginia Woolf
Hobbies: Tocar violino, correr, ler, estar com os amigos

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